A Reconstrução Mamária deve estar integrada no plano global de abordagem de doentes com neoplasia da mama.
Esta orientação deve compatibilizar os critérios e calendário oncológicos com os aspectos psicológicos, emocionais, sociais e estéticos de cada paciente.
Com a Reconstrução Mamária pretende-se reconstruir uma mama que se aproxime das expectativas da doente, quer do ponto de vista psicológico, quer estético atendendo a vários parâmetros, nomeadamente, no que diz respeito à simetria (volume e forma ) com a mama oposta, projecção, protese e nível do sulco infra-mamário.
Os critérios prioritários que decorrem do entendimento da doença como uma solução de continuidade dum estado de equilíbrio não só psicológico como socio-psico-emocional fazem com que o único critério aceitável de exclusão dum paciente do programa de reconstrução mamária seja a recusa após esclarecimento adequado ou situação em que o próprio acto reconstrutivo aumente sensivelmente o risco da paciente.
Deste quadro devem excluir-se receios de que a reconstrução possa camuflar a recidiva, á luz das actuais técnicas imagiológicas da informação, que todos os clínicos devem ter sobre estes procedimentos e suas repercussões semiológicas.
De mesma forma deve afirmar-se que a reconstrução não prejudica nem invalida a indicação de qualquer dos métodos terapêuticos oncológicos ancilares subsequentes à sua realização.
A cirurgia Reconstrutiva é uma decisão pessoal pois só a mulher mastectomizada ou na iminência de o ser poderá avaliar o significado dessa cirurgia.
No entanto, se olharmos ao beneficio cosmético mas sobretudo à ajuda do reequilíbrio e reencontro psicológico da mulher num “todo”, verificamos que o resultado é frequentemente positivo e que na quase totalidade dos casos vale a pena este esforço suplementar.
Timing
No plano de tratamento da doente deve ter-se em consideração a altura da Reconstrução Mamária, uma vez que se pode iniciar no mesmo tempo operatório da Mastectomia. Esta atitude terapêutica deverá, contudo, ser ponderada caso a caso.
A Reconstrução imediata quando efectuada em doentes seleccionados e por uma equipa multidisciplinar bem organizada tem benefícios consideráveis. Pensamos que actualmente não é necessária que a doente viva com a deformidade da Mastectomia para apreciar devidamente a Reconstrução Mamária e compreender as suas limitações.
De qualquer maneira não podemos, nem devemos esquecer que este processo Reconstrutivo é longo podendo levar cerca de 1,5 ano.
Métodos de Reconstrução Mamária:
Considerações Gerais:
Há várias técnicas de reconstrução mamária. Não se pode dizer que seja uma dada técnica seja melhor que outra, mas sim que uma é mais adequada para determinado caso.
Quase todas as mulheres podem iniciar a reconstrução no mesmo tempo operatório que a Mastectomia. Excepto pacientes portadoras de algumas patologias ou com determinado tipo (histológico) de tumores poderão não ter condições para ser submetidas a Reconstrução Mamária.
Métodos:
A Reconstrução Mamária envolve, no minimo, três outros tempos operatórios, além da Mastectomia.
Inicia-se pela Reconstrução da mama e parede torácica, sendo necessários dois tempos operatórios (um destes tempos pode ser na altura da Mastectomia) ; a Reconstrução do Complexo areolo-mamilar tem lugar numa fase posterior. Nesta altura e/ou logo inicialmente também se pode fazer modificações na mama oposta com o objectivo de se conseguir uma simetria o mais adequada possível.
Não são de excluir tempos operatórios complementares para refinamento estético.
Os Métodos habitualmente usados podem ser:
- Implante mamário
- Expansão (expansor tissular) e Implante Mamário
- Retalhos musculo-cutâneos: Latissimus dorsi ( L. D. ) e Rectus abdominis ( T.R.A.M. ou Hartramph )
- Métodos Microcirurgicos ( Gluteus maximus, T.R.A.M., L.D. )
A selecção de um dado método depende do estado clínico global, da expectativa e tolerância do doente, do estado da mama contralateral, assim como da obtenção de uma Reconstrução que consiga se aproximar dos objectivos atrás referidos.